Se Deus nos ama tanto e quer que estejamos com ele, por que ele poria nossas almas em risco ao deixar a difusão de sua palavra a cargo de seres humanos falíveis, mentirosos e pecadores? Será que um professor deixaria um dos alunos assumir seu lugar se isto pusesse em risco o futuro da classe?

Esta pergunta inclui muitas informações. Vamos por partes ("dividir para conquistar", ou melhor, "dividir para entender")...

1. Deus nos ama? Não. Deus não ama a todos nós. Nos últimos dias, as igrejas pregam que todos são amados, mas a verdade do versículo João 3:16 "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" é que o verbo está no passado: Deus nos amou. Apesar das ações Divinas não estarem presas ao tempo, pois Ele vive em todos os tempos (o próprio tempo é uma abstração e criação de Deus), nós percebemos as ações de maneira temporal. Deus consumou tudo, incluindo o Amor dEle por nós (João 19:28-30). Deus abomina e mantém sua ira sobre os rebeldes "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece" (João 3:36). Quando Deus ama é de maneira voluntária, Ele não é obrigado a nos amar, se insistimos em ser rebeldes... Mesmo assim Deus escolheu amar um povo ("Israel" = povo de Deus) para si de maneira eterna: "o Senhor ama a Israel para sempre" (1 Reis 10:9); "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele" (João 14:21). Observe que no mesmo livro de João, "Deus amou" e "Deus amará". O que existe no meio, no presente, e determina a eternidade é nossa atitude em relação a Deus. Ele é o criador e o centro de tudo. Ele é... e não o homem. A única coisa que mantém o pecador distante de Deus e ignorante quanto a Ele é o pecado não-arrependido (a rebeldia) "Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça" (Isaías 59:2). O amor de Deus é concreto "Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro" (1 João 4:19). Este amor deveria trazer arrependimento e não desprezo. Pois qualquer que se volte a Deus será amado por Ele: "Deus não faz acepção de pessoas" (Atos 10:34); "Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançareifora " (João 6:37).
2. Deus quer que estejamos com Ele? Ele deseja de fato isto para todos ("[Deus] Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade" - 1 Timóteo 2:4 ), mas há critérios para que Deus deseje a presença de alguém. Nós sabemos disso, pois também não desejamos a presença de qualquer pessoa que nos fere ou agride... "Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira" (Apocalipse 22:15).
3. Deus delegou a homens mentirosos, falhos e pecadores a sua palavra? Deus convocou pessoas para serem sua boca na terra. Foi assim com Móises e os profetas (Êxodo 3:4; Josué 1; 1 Samuel 3:8). Deus convocou homens comuns e isto inclui defeitos e falhas, porém eles não deveriam se atribuir nenhuma função que Deus não tenha dado. Existem pessoas que não escutam o chamado de Deus, mas se aproveitam da situação para a própria perdição. O maior discurso sobre o inferno dito por Jesus foi quando ele se referia a estes falsos profetas (Marcos 9:38-50).
4. Deus fazendo isto põe em risco as almas das pessoas?... Deus é soberano, todas as coisas estão sobre o controle dele (Lucas 12:7); mesmo Satanás que é maligno e já está condenado é usado como um "espírito que agora opera nos filhos da desobediência" (Efésios 2:2b) e age também pelos seus próprios ministros (2 Coríntios 11:13-15). A Bíblia esclarece que quando alguém se arrepende, Deus pela sua graça e misericórdia envia seus mensageiros com a mensagem de salvação para aquela pessoa. Este fato aconteceu diversas vezes na Bíblia, como os ninivitas e a mensagem providencial do profeta Jonas para a salvação destes (Jonas 1:1-2; 3:5,10); assim como o centurião Cornélio e a mensagem do evangelho enviada através do apóstolo Pedro (Atos 10). Estes são dois exemplos que mostram o mesmo comportamento de Deus desde o Antigo até o Novo Testamento sobre o tratamento de Deus com os que se arrependem. Deus vê o momento do arrependimento mesmo antes de entregar a mensagem. Aos que não crerão, Deus permite que se percam através de "poder, sinais e prodígios de mentira (...), porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira" (2 Ts 2:9-11).
5. Deus nos ensina. Ele mesmo veio ensinar, através de Jesus Cristo. Em Jesus, uma importante profecia do Antigo Testamento foi concretizada: "E fomos ensinados por Deus" (; João 6:45). A Bíblia é uma irrefutável prova do desejo de Deus de nos ensinar (2Tm 3:16,17), pois nela, a mensagem de seus 66 livros se mantiveram por milênios. Se fomos ensinados por Deus, então, Ele continua sendo o professor. Os pastores, diáconos, presbiteros, bispos etc são instrutores apenas. Jesus disse sobre os fariseus, em Mateus 23:3: "Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem".
6. O que o homem segue demonstra apenas o que está em seu coração. Uma profecia sobre este tempo diz "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências" (2 Tm 4:3). Um falso doutor/mestre/profeta é também identificado por falar apenas o que agrada uma pessoa (Lucas 6:26). Porém, um verdadeiro profeta, o que profetiza, "fala aos homens, para edificação, exortação e consolação" (1 Co 14:3). Corrigir... o que não é agradável para quase ninguém.
7. Ainda assim Deus não seria leviano? "Deus é amor" (1 Jo 4:8) e o Amor "não trata com levianidade" (1 Co 13:4). Mas o risco que nossas almas correm reflete apenas as nossas decisões mais íntimas de um coração falho e decaído. "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9)

"Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados" (2 Pedro 2:9).